quarta-feira, 20 de março de 2013

O leite divino




Por Eudes Quintino de Oliveira Júnior,
promotor de justiça aposentado (SP), mestre em Direito Público.


No interior de Goiás, o pastor com sobrenome de carro importado gostava de contar para seus seguidores uma história que marcou sua vida. Dizia que se encontrava em um bordel quando teve um amistoso encontro com Jesus, de quem recebeu uma missão: seria o responsável na terra pela “distribuição do leite sagrado”. 


Tal tarefa consistiria em espargir seu esperma para o maior número possível de mulheres, iniciando pelas fiéis de sua Assembleia até derramá-lo por todo o Estado.

O pastor dizia, com ares de profeta, que "seu pênis era abençoado, fonte que jorra leite e mel em abundância e quem dele fizer uso, receberá as benesses e os merecidos regozijos da vida terrena".

Sua fama se alastrou rapidamente, como Geraldo Viramundo, de Fernando Sabino. Logo no início da peregrinação, teve contato com algumas jovens. 


De forma convincente relatou suas proezas e as convenceu a praticar com ele sexo oral, com a promessa de que Deus somente poderia entrar em suas vidas pela boca. 

Hipnotizadas ou crédulas, não se sabe ainda, acabaram por ceder e receberam o "leite sagrado" prometido.

Em outra oportunidade, recolheu-se no fundo do terreno da igreja e se fazia acompanhar de algumas moças a quem pediu para fazer sexo oral até o "espírito santo" aparecer, o que ocorria com a ejaculação."Sou o pastor de vocês, irei apascentá-las com meu néctar e nada lhes faltará, pois receberão com abundância todas as graças pedidas" - reprisava como refrão de um hino religioso.

O estelionatário sexual não foi muito longe e a satisfação de sua lascívia foi refreada pela intervenção policial. 


Em razão de inúmeras denúncias das jovens que aguardavam as promessas milagrosas do homem do pênis abençoado, foi preso em flagrante quando esfregava seu membro no rosto de uma comerciante, convencendo-a a receber o líquido divino que nela seria derramado com a finalidade de proporcionar um aumento expressivo de suas vendas.

Questionou os policiais e os advertiu do ato equivocado, pois prendiam um "servo do Senhor" e por isso iriam se arrepender pelo resto da vida. 


Um dos agentes, jocosamente, desejou ao pastor que continuasse seu belíssimo trabalho dentro da prisão. A ordem de prisão foi dada por uma delegada de polícia, o que confortou o conduzido.

No trajeto até a unidade policial, após certificar-se que se encontrava a sós com a diligente delegada, o pastor teve a ousadia de convidá-la para fazer parte do reino dos céus.

Fruto de uma benesse divina ou de um fraquejo da lei, o pastor prestou depoimento de três horas e foi liberado. Aguardará solto o julgamento.

eudesojr@hotmail.com

Fonte: www.espacovital.com.br

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